terça-feira, 25 de novembro de 2008

RBS X Chávez X Democracia

Se as críticas ao autoritarismo de Hugo Chávez devem ser feitas, mostrar os verdadeiros resultados das eleições na Venezuela parece ser ainda mais importante. Não é o que pensa a RBS.

A empresa mais uma vez parece empenhada em mostrar que na Venezuela a população luta contra a ditadura. Após as eleições para os governadores dos Estados, o jornal de hoje (25 de novembro) traz como manchete: Chávez perde espaço nas urnas; e ainda mostra três fotos de comemorações em três estados dos cinco aonde a oposição venceu.

Se em 18 dos 23, venceram os situacionistas, por que o jornal não mostrou nenhuma imagem com as manifestações ali ocorridas?

domingo, 23 de novembro de 2008

Cala a boca grevista 2




A governadora Yeda Crusius usando seu método de fazer calar seus alunos em sala de aula com os professores em manifestação na Praça da Matriz, no Dia da Bandeira, 19 de novembro. A vaia surgiu quando a governadora apareceu do lado de fora do Palácio Piratini.

Segundo a RBS, os manifestantes vaiavam quando o hino era executado. Quem estava por lá viu e ouviu: a vaia foi para a Yeda e não para o hino.

Cala a boca grevista 1


Durante a manifestação dos professores estaduais do dia 14 contra a transformação do piso salarial em teto salarial, proposto pela Governadora Yeda Crusius, a brigada militar acompanhoutodo o seu deslocamento desde o Gigantinho, local da assembléia, até a Praça da Matriz, local do seu término. Ma a companhia não serviu para proteger os professores. Nos céus o que se viu foi um helicóptero a baixas alturas fazendo bastante barulho para prejudicar a comunicação daqueles que seguiam a manifestação.

Essa tática é de uso comum quando se pretende abafar manifestações.

Lamentável!

Todo ponto de vista é a vista de um ponto ou o que a Zero Hora quer mostrar


Por mais simples que essa afirmação de Leonardo Boff possa parecer àquele que a lê, ela é paradigmática. Digo isso, pois a leitura que faço das opiniões e posicionamentos da Zero Hora sobre a situação dos professores do Estado me provocam. Para entender melhor (ou não) essa situação, que pelo visto não acaba tão cedo, voltemos à afirmação de Boff.

Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Aqueles que interpretam determinado fato ou processo sempre se colocam numa determinada posição e a partir dela elaboram o seu raciocínio e seu discursso. Isso significa dizer que por vezes deixam escapar algumas vistas paisagísticas daquilo que é, antes de mais nada, visto. A partir do visto, e não do não visto – apesar do não visto, em muitos casos não deixar de ser contemplado, mesmo que não visto, mas imaginado sem ser visto – surgem as interpretações. Mas o que deixa a interpretação mais passível de ser questionada não é a simples dedução do visto pelo não visto, mas o posicionamento objetivo do intérprete sobre determinado ponto, ou seja, a sua crença de que ele esteja sobre uma posição privilegiada. Mas às vezes ele está.

E quem está numa posição privilegiada não é a classe média trabalhadora, quase que laboriosa, e sem voz ativa, que se coloca numa posição por simplesmente julgar ser esta posição mais privilegiada que outra. Privilegiados são aqueles que, por se colocar numa determinada posição se tornam privilegiados, pois não a simples dedução do visto pelo não visto leva ao privilégio – como acreditam os alienados – mas a objetividade de posicionamento e a conseqüente exposição, também objetiva, de sua interpretação acarreta no privilégio.

O que a Zero Hora quer mostrar

Esse é o caso da Página 10 de Rosane Oliveira. No domingo, 23 de novembro de 2008, a jornalista inicia seu texto Gestos e Símbolos, abrindo duas possibilidades, a de se colocar ao lado daqueles que criticam o autoritarismo de Yeda, simbolizado pelo gesto de silêncio feito aos professores grevistas que a vaiavam em frente ao palácio do Governo (gesto símbólico 1) e a de se colocar ao lado da governadora. A escolha é obvia.

Segundo Rosane, diferente de outros governadores, Yeda não tem preocupação em evitar o conflito com o Sindicato dos Professores. Pelo contrário, segundo a jornalista, a governadora e sua escudeira a secretária da educação Mariza Abreu, estão empenhadas em tocar naquilo que outrora era inviolável, um dogma, para usar as palavras do editorial, fazendo alusão ao posicionamento nada moderno das igrejas. O dogma no caso é a preocupação em evitar o conflito (gesto simbólico 2). Se a referência ao arcaico serve para criticar o Cpers, muito provavelmente a posição da jornalista, o seu ponto, é o mais próximo possível daquele em que se coloca Yeda, uma governadora racional e por isso moderna. Acreditando nas luzes que sobre o fato miram os holofotes do texto e esquecendo – ou escondendo – as sombras, o leitor é levado a crer que de fato, o melhor é acreditar na razão de um símbolo contra os dogmas chamado Yeda Crusius, e duvidar do intocável e anti-moderno Cpers Sindicato, símbolo do atraso do sistema educacional no país.

Agora é com você, escolha o seu ponto de vista, se coloque sobre ele e faça a sua interpretação: a favor do despotismo esclarecido do governo estadual ou do arcaísmo dogmático e intocável do Cpers. Assim ficaria fácil.

Continua...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cantando (contra) a ditadura portuguesa

Eis um vídeo de José Afonso (1929-1987), um poeta, compositor e cantor português profundamente engajado na luta contra o Estado Novo, o regime político autoritário que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974 e que caiu pela Revolução do 25 de Abril, ou Revolução dos Cravos.

aqui: http://br.youtube.com/watch?v=hfKU5pA-CRI

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Traz outro amigo também (1970)
Zeca Afonso

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
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Abaixo segue link para baixar o disco Cantigas de Maio (1971) de Zeca Afonso, com aquela que se tornou hino da Revolução dos Cravos, Grândola Vila Morena.

01 - Senhor Arcanjo
José Afonso

02 -
Cantigas do maio
popular - José Afonso

03 -
Milho verde
popular/arr. José Mário Branco

04 -
Cantar Alentejano
José Afonso

05 -
Grândola, Vila Morena
José Afonso

06 -
Maio maduro maio
José Afonso

07 -
Mulher da erva
José Afonso

08 -
Ronda das mafarricas
António Quadros - José Afonso

09 -
Coro da primavera
José Afonso

Músicos
Carlos Correia (Bóris)

Michel Delaporte

Christian Padovan

Tony Branis

Jacques Granier

Francisco Fanhais

José Mário Branco

Baixe aqui: http://lix.in/9531874c



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Obra magnífica sobre a Revolução dos Cravos é Capitães de Abril (2000), dirigido por Maria de Medeiros.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

On-line

Eu estou de volta e o Monty Python também. Agora no YouTube: http://br.youtube.com/montypython

Interessante também é a página oficial do grupo criador de clássicos como Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e a Vida de Brian (1979): http://pythonline.com/

Divirta-se!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dos EUA para o mundo...

Contradizendo Fukuyama e todos aqueles que acreditavam no fim da história, o ano de 2008 já está marcado por pelo menos dois grandes acontecimentos que chacoalharam as águas do calmo mar dos neo-liberalis. O primeiro e talvez mais marcante, já preconizado por Marx ainda no século XIX, a crise econômica criada pelos incautos seguidores de Friedman.

O segundo e ao meu ver potencialmente mais interessante, a escolha de um homem de pele negra e com nome muçulmano para a presidência dos EUA. Louco destino esse, o do país da Ku Klux Klan e da sanguinária e estúpida família Bush. Algumas de suas propostas já são bem conhecidas: no plano geopolítico, o próximo presidente dos EUA pretende retirar em curto prazo suas tropas do Iraque e do Afeganistão; ao que parece se dispõe a ser mais comunicativo e negociador, menos impositivo. Esperamos para ver. O que fica é a simbologia do acontecimento, a escolha do primeiro presidente negro dos EUA.

Atrasado e sem graça. Aliás, por Porto Alegre, um pouquinho mais triste.

Em Porto Alegre deu Bonzinho, em Sampa o simpático Kassab e nos EUA Barack Obama.

Quem diria ser um dia possível dizer isso: das três escolhas, a mais interessante aconteceu nos EUA.