terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tratando da especulaçõ imobiliária

Trecho de: "De como o senhorio apresenta as suas vastas glebas e garbos aos inquilinos", de Pádua Fernandes


Eu só gosto do que é sólido.

Por isso invisto em imóveis,

me enriquece o desabrigo.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Em Amnésia

Luís Fernando Veríssimo

Num país onde tudo é faz de conta, o passado pode ser o que a gente escolher. Existem a Polinésia, a Indonésia e, pouca gente sabe, a Amnésia, um pequeno arquipélago no Pacífico cuja principal indústria é a fitinha para amarrar no dedo e lembrar o que não se quer esquecer, que os amnesianos costumam usar nos 10 dedos da mão, inutilmente, pois nunca se lembram por que estão usando. Quem acha que o Brasil é o país mais sem memória do mundo não conhece a Amnésia, que inclusive se classificou para as finais da última Copa do Mundo, mas esqueceu de ir, ao contrário do Brasil, que foi mas esqueceu o futebol.A profissão mais valorizada na Amnésia é a de historiador- romancista. Como ninguém se lembra de nada por mais de 15 minutos, os historiadores inventaram uma história grandiosa para o país que inclui até uma guerra contra os Estados Unidos, que ganharam, vários reis malucos e ditadores divertidos e heróis nacionais como o inventor do spray nasal e um amante da Rita Hayworth, além de muitos recordistas olímpicos e cinco vitórias na Copa do Mundo. A capital de Amnésia, cujo nome ninguém se lembra, tem dezenas de estátuas e monumentos homenageando atletas, generais, cientistas e filósofos que nunca existiram mas estão nos livros de história. Segundo os historiadores, Amnésia já construiu sua bomba atômica, só esqueceu onde a botou. Amnésia também é conhecida como exportadora de garçons. Quase todos os imigrantes de Amnésia que você encontra no mundo são garçons. É fácil reconhecê-los porque são os que esquecem o seu pedido. Em Amnésia isto não era um problema porque quem pedia sempre esquecia o que tinha pedido e aceitava o que o garçom trouxesse, mas em outros países garçons amnesianos têm ouvido alguns desaforos. Que logo esquecem.Em Amnésia não há adultério. Ou há, mas os traídos esquecem a traição com a mesma rapidez com que os adúlteros esquecem seu juramento de jamais repeti-la, e volta a paz. Uma velha tradição do país - segundo os historiadores - é o duelo pela honra. Quando os desafetos se encontram para resolver tudo com espada ou pistola ninguém se lembra mais da causa do duelo, e apesar da tradição nenhum duelo jamais foi realizado em Amnésia. Pelo menos que alguém se lembre. Os políticos em Amnésia são todos corruptos. Os escândalos se repetem mas as comissões parlamentares reunidas para investigá-los começam, invariavelmente, com seu presidente perguntando “Alguém se lembra por que estamos reunidos aqui?”. Como ninguém se lembra as comissões são desfeitas, até o escândalo seguinte, quando ocorre a mesma coisa. Já houve a sugestão de se formar as comissões antes dos escândalos, que são previsíveis, pois acontecem com a mesma regularidade com que são esquecidos. A sugestão foi aceita e logo esquecida. Há pouca renovação entre dirigentes e parlamentares amnesianos porque o público esquece o que eles fizeram e os reelege. Políticos que estão no poder há anos fazem campanha com o slogan “Finalmente uma cara nova” em todas as eleições e levam o voto do eleitor insatisfeito mesmo que não lembre bem com o quê. Leis são promulgadas, esquecidas, nunca exercidas e muitas vezes promulgadas de novo - e esquecidas de novo. Em Amnésia os computadores têm memória, mas ninguém se lembra pra que serve. É bom viver no pequeno arquipélago de Amnésia, onde ninguém cobra dívidas, guarda rancor ou tem o que contar ao psicanalista, a não ser que invente. Os historiadores- romancistas providenciam as lembranças que ninguém tem. Se Amnésia se classificou para as finais da Copa - pelo menos tem quase certeza que se classificou, faz tanto tempo - e esqueceu de ir, por que não botar na história que foi e ganhou? Num país sem memória onde tudo é faz de conta, o passado pode ser o que a gente escolher.

Zero Hora, Porto Alegre, 23 de Julho de 2006.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Capitalismo Selvagem

Titãs no Olímpia, em São Paulo, 1998:
http://br.youtube.com/watch?v=Mr6AsUEOAvg

Homem primata
(1986)

Marcelo Fromer / Ciro Pessoa / Nando Reis / Sérgio Britto

Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava, eu não sabia
Que o homem criava e também destruía
Homem primata
Capitalismo selvagem
ô ô ô
Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer e não vai pro céu
É bom aprender, a vida é cruel
Homem primata
Capitalismo selvagem
ô ô ô
Eu me perdi na selva de pedra
Eu me perdi, eu me perdi.
I'm a cave man
A yuong man
I fight with my hands
With my hands
I'm a jungle man, a monkey man
Concrete jungle!
Concrete jungle!

Novas regras para atendimento telefônico

Abaixo reproduzo texto do e-mail que recebi da NET no sábado, dia 29 de novembro:

"Foi pensando na sua satisfação, que adotamos algumas medidas de melhoria na Central de Relacionamento NET".

E continua pontuando algumas medidas:

"- Atendentes preperados para solucionar as demandas logo no primeiro contato;
- Maior eficiência com o mínimo de espera para o atendsimento;
- Número de telefone único, gratuito e de fácil memorização;
- Atendimento eletrônico aprimorado com novas opõçes objetivas."

O assinante mal informado pode acreditar que de fato a NET se preocupando com os seus assinantes resolveu, após uma auto-avaliação, mudar seu sistema de atendimento.

Porém é importante destacar que todas essas mudanças são impostas por lei que entra em vigor hoje, segunda-feira, 1 de dezembro, para regular o atendimento tele-marketing e telefônico de empresas privadas; e isso o texto não destaca.

Lamentável.

Mais informações, ver a portal Último Segundo do IG: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/12/01/nova_lei_de_call_center_entra_em_vigor_mas_nao_para_todas_as_empresas_3096037.html

terça-feira, 25 de novembro de 2008

RBS X Chávez X Democracia

Se as críticas ao autoritarismo de Hugo Chávez devem ser feitas, mostrar os verdadeiros resultados das eleições na Venezuela parece ser ainda mais importante. Não é o que pensa a RBS.

A empresa mais uma vez parece empenhada em mostrar que na Venezuela a população luta contra a ditadura. Após as eleições para os governadores dos Estados, o jornal de hoje (25 de novembro) traz como manchete: Chávez perde espaço nas urnas; e ainda mostra três fotos de comemorações em três estados dos cinco aonde a oposição venceu.

Se em 18 dos 23, venceram os situacionistas, por que o jornal não mostrou nenhuma imagem com as manifestações ali ocorridas?

domingo, 23 de novembro de 2008

Cala a boca grevista 2




A governadora Yeda Crusius usando seu método de fazer calar seus alunos em sala de aula com os professores em manifestação na Praça da Matriz, no Dia da Bandeira, 19 de novembro. A vaia surgiu quando a governadora apareceu do lado de fora do Palácio Piratini.

Segundo a RBS, os manifestantes vaiavam quando o hino era executado. Quem estava por lá viu e ouviu: a vaia foi para a Yeda e não para o hino.

Cala a boca grevista 1


Durante a manifestação dos professores estaduais do dia 14 contra a transformação do piso salarial em teto salarial, proposto pela Governadora Yeda Crusius, a brigada militar acompanhoutodo o seu deslocamento desde o Gigantinho, local da assembléia, até a Praça da Matriz, local do seu término. Ma a companhia não serviu para proteger os professores. Nos céus o que se viu foi um helicóptero a baixas alturas fazendo bastante barulho para prejudicar a comunicação daqueles que seguiam a manifestação.

Essa tática é de uso comum quando se pretende abafar manifestações.

Lamentável!

Todo ponto de vista é a vista de um ponto ou o que a Zero Hora quer mostrar


Por mais simples que essa afirmação de Leonardo Boff possa parecer àquele que a lê, ela é paradigmática. Digo isso, pois a leitura que faço das opiniões e posicionamentos da Zero Hora sobre a situação dos professores do Estado me provocam. Para entender melhor (ou não) essa situação, que pelo visto não acaba tão cedo, voltemos à afirmação de Boff.

Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Aqueles que interpretam determinado fato ou processo sempre se colocam numa determinada posição e a partir dela elaboram o seu raciocínio e seu discursso. Isso significa dizer que por vezes deixam escapar algumas vistas paisagísticas daquilo que é, antes de mais nada, visto. A partir do visto, e não do não visto – apesar do não visto, em muitos casos não deixar de ser contemplado, mesmo que não visto, mas imaginado sem ser visto – surgem as interpretações. Mas o que deixa a interpretação mais passível de ser questionada não é a simples dedução do visto pelo não visto, mas o posicionamento objetivo do intérprete sobre determinado ponto, ou seja, a sua crença de que ele esteja sobre uma posição privilegiada. Mas às vezes ele está.

E quem está numa posição privilegiada não é a classe média trabalhadora, quase que laboriosa, e sem voz ativa, que se coloca numa posição por simplesmente julgar ser esta posição mais privilegiada que outra. Privilegiados são aqueles que, por se colocar numa determinada posição se tornam privilegiados, pois não a simples dedução do visto pelo não visto leva ao privilégio – como acreditam os alienados – mas a objetividade de posicionamento e a conseqüente exposição, também objetiva, de sua interpretação acarreta no privilégio.

O que a Zero Hora quer mostrar

Esse é o caso da Página 10 de Rosane Oliveira. No domingo, 23 de novembro de 2008, a jornalista inicia seu texto Gestos e Símbolos, abrindo duas possibilidades, a de se colocar ao lado daqueles que criticam o autoritarismo de Yeda, simbolizado pelo gesto de silêncio feito aos professores grevistas que a vaiavam em frente ao palácio do Governo (gesto símbólico 1) e a de se colocar ao lado da governadora. A escolha é obvia.

Segundo Rosane, diferente de outros governadores, Yeda não tem preocupação em evitar o conflito com o Sindicato dos Professores. Pelo contrário, segundo a jornalista, a governadora e sua escudeira a secretária da educação Mariza Abreu, estão empenhadas em tocar naquilo que outrora era inviolável, um dogma, para usar as palavras do editorial, fazendo alusão ao posicionamento nada moderno das igrejas. O dogma no caso é a preocupação em evitar o conflito (gesto simbólico 2). Se a referência ao arcaico serve para criticar o Cpers, muito provavelmente a posição da jornalista, o seu ponto, é o mais próximo possível daquele em que se coloca Yeda, uma governadora racional e por isso moderna. Acreditando nas luzes que sobre o fato miram os holofotes do texto e esquecendo – ou escondendo – as sombras, o leitor é levado a crer que de fato, o melhor é acreditar na razão de um símbolo contra os dogmas chamado Yeda Crusius, e duvidar do intocável e anti-moderno Cpers Sindicato, símbolo do atraso do sistema educacional no país.

Agora é com você, escolha o seu ponto de vista, se coloque sobre ele e faça a sua interpretação: a favor do despotismo esclarecido do governo estadual ou do arcaísmo dogmático e intocável do Cpers. Assim ficaria fácil.

Continua...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cantando (contra) a ditadura portuguesa

Eis um vídeo de José Afonso (1929-1987), um poeta, compositor e cantor português profundamente engajado na luta contra o Estado Novo, o regime político autoritário que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974 e que caiu pela Revolução do 25 de Abril, ou Revolução dos Cravos.

aqui: http://br.youtube.com/watch?v=hfKU5pA-CRI

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Traz outro amigo também (1970)
Zeca Afonso

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
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Abaixo segue link para baixar o disco Cantigas de Maio (1971) de Zeca Afonso, com aquela que se tornou hino da Revolução dos Cravos, Grândola Vila Morena.

01 - Senhor Arcanjo
José Afonso

02 -
Cantigas do maio
popular - José Afonso

03 -
Milho verde
popular/arr. José Mário Branco

04 -
Cantar Alentejano
José Afonso

05 -
Grândola, Vila Morena
José Afonso

06 -
Maio maduro maio
José Afonso

07 -
Mulher da erva
José Afonso

08 -
Ronda das mafarricas
António Quadros - José Afonso

09 -
Coro da primavera
José Afonso

Músicos
Carlos Correia (Bóris)

Michel Delaporte

Christian Padovan

Tony Branis

Jacques Granier

Francisco Fanhais

José Mário Branco

Baixe aqui: http://lix.in/9531874c



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Obra magnífica sobre a Revolução dos Cravos é Capitães de Abril (2000), dirigido por Maria de Medeiros.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

On-line

Eu estou de volta e o Monty Python também. Agora no YouTube: http://br.youtube.com/montypython

Interessante também é a página oficial do grupo criador de clássicos como Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e a Vida de Brian (1979): http://pythonline.com/

Divirta-se!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dos EUA para o mundo...

Contradizendo Fukuyama e todos aqueles que acreditavam no fim da história, o ano de 2008 já está marcado por pelo menos dois grandes acontecimentos que chacoalharam as águas do calmo mar dos neo-liberalis. O primeiro e talvez mais marcante, já preconizado por Marx ainda no século XIX, a crise econômica criada pelos incautos seguidores de Friedman.

O segundo e ao meu ver potencialmente mais interessante, a escolha de um homem de pele negra e com nome muçulmano para a presidência dos EUA. Louco destino esse, o do país da Ku Klux Klan e da sanguinária e estúpida família Bush. Algumas de suas propostas já são bem conhecidas: no plano geopolítico, o próximo presidente dos EUA pretende retirar em curto prazo suas tropas do Iraque e do Afeganistão; ao que parece se dispõe a ser mais comunicativo e negociador, menos impositivo. Esperamos para ver. O que fica é a simbologia do acontecimento, a escolha do primeiro presidente negro dos EUA.

Atrasado e sem graça. Aliás, por Porto Alegre, um pouquinho mais triste.

Em Porto Alegre deu Bonzinho, em Sampa o simpático Kassab e nos EUA Barack Obama.

Quem diria ser um dia possível dizer isso: das três escolhas, a mais interessante aconteceu nos EUA.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

espetacularização da violência

Ponto para a TV Cultura de São Paulo que criticou o apelo de outros veículos de comunicação à espetacularização da violência, como no caso da criança defenestrada no início desse ano e no mais recente, da garota sequestrada pelo ex-namorado.

Vale lembrar que o sequestrador, como grande parcela da população brasileira, não tinha perspectivas de vida e projetou, na findada relação, a possibilidade de alcançar a tão por muitos desejada, mas tão difícil de ser conquistada no mundo de hoje, estabilidade.

Vale a leitura de Zygmunt Bauman. Qualquer que seja.

Bonzinho demais... quase assustador

Mais uma do Bonzinho. Agora ele promete um governo sem conflito. Mas não será isso impossível numa democracia? Aliás, o único tipo de governo que assim age, sem conflito, é a tirania. Numa democracia, os conflitos aparecem, não são escondidos, os conflitos geram mudanças, novidades. O que se revela nesse discurso da ausência de conflitos no âmbito político é a incapacidade de pensar problemas e soluções no âmbito da diversidade, seja ela de interesses, de visões de mundo, de sujeitos, atores. No intuito de alcançar o posto mais importante do município, não vale mais tudo. E a publicidade se encarrega de aparar as arestas e criar uma imagem o mais clean possível. O que fica evidente é a tendência generalizada, nos discursos políticos, do politicamente correto.

Ao que tudo indica o Bonzinho, com o discurso politicamente correto da tranquilidade gerencial, promete, em meio à complexidade do mundo atual, sobretudo em meio à crise financeira mundial, solucionar os problemas da cidade. Como se isso fosse uma conquista possível, e ainda mais, tranquila. Atrelado a isso, o que ele promete é aquilo que se tornou tendência mundial, a massificação da sociedade (isso pode ser considerado uma redundância), a falta de participação política da população e a banalização daquilo que Hanah Arendt diz ser caractere mais importante da Condição Huamna: a ação e o dicurso políticos. Mas ação e discurso nao somente do governante, de todos os cidadãos.

Será possível? Não se todos formos bonzinhos.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E em São Paulo... (Arrebanhando prosélitos)

"As igrejas são diferentes, e eu consigo ter essa sensibilidade."

Essa incrível revelação de Marta Suplicy justifica proposta de flexibilização da Lei Cidade Limpa, abrindo excessão às igrejas evangélicas da cidade e assim deixando-as livres para colocar out-doors nas ruas de São Paulo.

Viva!

Grandes idéias de Marta Suplicy, em Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u455712.shtml

O Patriarca Bonzinho vs A Matriarca Rouca

E na disputa eleitoral em Porto Alegre, concorrem à vaga que foi deixada por Abraão e Moisés - os grandes patriarcas bíblicos - José Fogaça e Maria do Rosário, dizendo, ambos, na propaganda televisiva, que conhecem o caminho. É tudo o que o povo quer.

Só espero que a Terra Prometida não esteja entre o Paquistão e o Líbano.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Bonzinho

Sobre o debate entre os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre, na noite de ontem, duas mulheres conversavam no banco de trás do ônibus, uma na Janela e outra no Corredor:

J - Os outros tentaram derrubar ele mas não conseguiram, ele é muito bom.
C - É. Ele é muito bom, e ainda é novo, pode ficar mais um tempinho. Ele fez uma porção de coisas, construiu gasoduto, viaduto, camelódromo...
C - É, só coisa grande ele construiu. E tem gente que diz que ele não fez nada.
J - É que ele é quetinho.
C - E bonzinho.

Nesse momento eu pensei em me mudar de lugar. Resolvi entrar na conversa. Não, não. O sujeito está liderando as pesquisas. Vai que no ônibus só tem partidário do Bonzinho.

J - Você sabe que minha vizinha trabalha no Atelier da Prefeitura e disse que com a chuva que deu, choveu tudo lá dentro. Estragou uma porção de coisas. Ela disse que chamaram a prefeitura, mas até agora não fizeram nada.
C - Mas é que tem que brigar para conseguir as coisas, tem que abrir um processo. Se não briga...
J - Demora mesmo não é?
C - É sim.
J - Temos que descer.

Ainda bem que desceram. Não gosto do Bonzinho.