terça-feira, 21 de outubro de 2008

espetacularização da violência

Ponto para a TV Cultura de São Paulo que criticou o apelo de outros veículos de comunicação à espetacularização da violência, como no caso da criança defenestrada no início desse ano e no mais recente, da garota sequestrada pelo ex-namorado.

Vale lembrar que o sequestrador, como grande parcela da população brasileira, não tinha perspectivas de vida e projetou, na findada relação, a possibilidade de alcançar a tão por muitos desejada, mas tão difícil de ser conquistada no mundo de hoje, estabilidade.

Vale a leitura de Zygmunt Bauman. Qualquer que seja.

Bonzinho demais... quase assustador

Mais uma do Bonzinho. Agora ele promete um governo sem conflito. Mas não será isso impossível numa democracia? Aliás, o único tipo de governo que assim age, sem conflito, é a tirania. Numa democracia, os conflitos aparecem, não são escondidos, os conflitos geram mudanças, novidades. O que se revela nesse discurso da ausência de conflitos no âmbito político é a incapacidade de pensar problemas e soluções no âmbito da diversidade, seja ela de interesses, de visões de mundo, de sujeitos, atores. No intuito de alcançar o posto mais importante do município, não vale mais tudo. E a publicidade se encarrega de aparar as arestas e criar uma imagem o mais clean possível. O que fica evidente é a tendência generalizada, nos discursos políticos, do politicamente correto.

Ao que tudo indica o Bonzinho, com o discurso politicamente correto da tranquilidade gerencial, promete, em meio à complexidade do mundo atual, sobretudo em meio à crise financeira mundial, solucionar os problemas da cidade. Como se isso fosse uma conquista possível, e ainda mais, tranquila. Atrelado a isso, o que ele promete é aquilo que se tornou tendência mundial, a massificação da sociedade (isso pode ser considerado uma redundância), a falta de participação política da população e a banalização daquilo que Hanah Arendt diz ser caractere mais importante da Condição Huamna: a ação e o dicurso políticos. Mas ação e discurso nao somente do governante, de todos os cidadãos.

Será possível? Não se todos formos bonzinhos.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E em São Paulo... (Arrebanhando prosélitos)

"As igrejas são diferentes, e eu consigo ter essa sensibilidade."

Essa incrível revelação de Marta Suplicy justifica proposta de flexibilização da Lei Cidade Limpa, abrindo excessão às igrejas evangélicas da cidade e assim deixando-as livres para colocar out-doors nas ruas de São Paulo.

Viva!

Grandes idéias de Marta Suplicy, em Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u455712.shtml

O Patriarca Bonzinho vs A Matriarca Rouca

E na disputa eleitoral em Porto Alegre, concorrem à vaga que foi deixada por Abraão e Moisés - os grandes patriarcas bíblicos - José Fogaça e Maria do Rosário, dizendo, ambos, na propaganda televisiva, que conhecem o caminho. É tudo o que o povo quer.

Só espero que a Terra Prometida não esteja entre o Paquistão e o Líbano.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Bonzinho

Sobre o debate entre os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre, na noite de ontem, duas mulheres conversavam no banco de trás do ônibus, uma na Janela e outra no Corredor:

J - Os outros tentaram derrubar ele mas não conseguiram, ele é muito bom.
C - É. Ele é muito bom, e ainda é novo, pode ficar mais um tempinho. Ele fez uma porção de coisas, construiu gasoduto, viaduto, camelódromo...
C - É, só coisa grande ele construiu. E tem gente que diz que ele não fez nada.
J - É que ele é quetinho.
C - E bonzinho.

Nesse momento eu pensei em me mudar de lugar. Resolvi entrar na conversa. Não, não. O sujeito está liderando as pesquisas. Vai que no ônibus só tem partidário do Bonzinho.

J - Você sabe que minha vizinha trabalha no Atelier da Prefeitura e disse que com a chuva que deu, choveu tudo lá dentro. Estragou uma porção de coisas. Ela disse que chamaram a prefeitura, mas até agora não fizeram nada.
C - Mas é que tem que brigar para conseguir as coisas, tem que abrir um processo. Se não briga...
J - Demora mesmo não é?
C - É sim.
J - Temos que descer.

Ainda bem que desceram. Não gosto do Bonzinho.